sábado, 25 de junho de 2011

Visitando os botecos da velha cidade. Experiências. Fígado. Os velhos amigos, vilipendiados pela minha condição, sendo como que obrigados às experiências mais diversas. Cervejas, conhaques, caipirinhas, baguaceiras, whiskies, cachaças. Amigo é pra essas coisas. Ando sem palavras, sem expressões marcantes. Preferindo o silêncio e o sorriso solto. Modos de escapar à realidade.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

A Marcha do Sétimo Pecado. Velho Bertini. Tenho os ouvidos voltados aos versos. Só o silêncio ecoa e abençoa aqueles corpos nus! Ando caminhando entre músicas e trepidações! A ânsia da vida! Da vida mesma, sem as máscaras que confeccionamos para vivê-la! Sem as anestesias, por vezes tão necessárias! Em nome de Deus me carregue e me pregue em sua cruz! Sérgio Sampaio! Versos mal aprendidos na infância, ainda que forçosamente! Tempos em que colhia as migualhas das audições dos mais velhos. Em nome de Deus me carregue e me pregue em sua cruz! Ando com as palavras nos dedos! Nos dedos que batem o teclado do notebook! Os dedos que batem as cordas do velho e bom companheiro! Músicas! Ñão posso fazer nada! Sou só um compositor popular. Sérgio Sampaio!

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Entre papéis e lágrimas


Ando entre papéis antigos e lágrimas. Lembranças. Arrependimentos. Ouvindo Dolores. As dores e suas evidências. Projetos perdidos nos papéis, para os quais devotei energia. A vida. Feita de carnavais e quartas-feiras. Feita de rodoviárias. Feita de idas e vindas. De sorrisos. De lágrimas espremidas, que saltam desobedientes dos olhos que as cerram, em vão. Sofro tristezas, sem ressentimentos. Sofro cada uma delas. E as sofro como se fossem mesmo necessárias! Como se tristezas não fossem! Enfim, persisto nas lágrimas. Limpam o pensamento!

terça-feira, 14 de junho de 2011

Silêncio. Tudo que ouço é silêncio e desespero. São 23:38. Silêncio. Os vizinhos dormem cedo. Minha insônia. Fico a colher pensamentos, envolto no problemático da vida! Penso. E, do pensar que produzo, resta o sentimento pontiagudo da agonia. Eterno é o retorno do mesmo! E se vivessemos outras centenas de vezes a vida que vivemos? Nietzsche! Tenho os olhos perdidos. Paredes brancas. Um programa televisivo que não me atrai. Serve, apenas, para criar a ilusão da companhia, uma companhia psicótica. Que regurgita as asneiras de cada dia. Dai-nos hoje, ó Deus! Nessas semanas longas, onde o pensamento é a única subversão possível, aguardo ansiosamente a chegada dos dias sem trabalho! Espero as mesas abarrotadas do esquecimento proveniente do desespero e do alcool! Espero a conversa fortuíta! O estremecimento! A amizade coletada nos becos, nas ruelas, nos precipícios! Por hora, resta o silêncio!

segunda-feira, 13 de junho de 2011

As pessoas insistem em perguntar quem sou. Eu? Sou? Esse ponto abscuro da existência! Essa necessidade inquieta pelo conhecimento-de-si! Aos diabos! Quem sou! O que posso eu saber do que sou? Eu queria o consolo religioso e metafísico dos que se configuraram para ser! Mas não os tenho! Sou?! Essa questão entre-dentes, que sai apertada da boca dos famigerados que procuram o sentido de todas as coisas! Eu prefiro a loucura! O não-ser mais radical e absurdo! Eu prefiro as indefinições, as incertezas, as incoerências, os erros, os descaminhos! O que sou? Quem sou? A quem interessar: não sou!

sábado, 11 de junho de 2011

Alguns estranhamentos em meus pulmões lembram Noel Rosa. Madrugadas frias, essas últimas. Andando. Brindando uma vanidade aqui, outra acolá. Batendo cordas rotas de um violão vadio. Sempre à espreita dos copos mais cheios! E o que penso disso? Prefiro calar. Abro parêntese. Um pequeno aforismo, encontrado nas lixeiras:

Sempre os meus alunos mais brilhantes chamavam-se José, Antônio, João, Maria. Nenhum desses chegará, finalmente, a insanidade! Quantas são as Marias tresloucadas? Quantas são as santas e beatas? Nunca uma existência tão nobre em suas motivações será tão viva nas contradições humanas! Nunca conheci um gênio que se quisesse José!

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Anoitecer. Zé Miguel Wisnik. Dessa hora tenho medo. Hoje? A mediocridade. O poder exercido às migalhas! O poder medíocre dos que comandam um número ínfimo de funcionarios indiretos. E ri. Um riso sarcástico. Os que se aventuram no poder - libido dominandi. Desejo e domínio. Desejo de menorizar o outro. Vi a estupidez dos que envelheceram. Dos velhos e de seus destinos estúpidos. Vivo em uma cidade de católicos, de santos beatos. Eu? Um degredado. Um estrangeiro! Em cada esquina dessa cidade, um ar de superioridade. Medíocres. E nós, os músicos, recolhendo, pelo chão, o favor dos que suportam nossa cultura de negros. Aqui, há um Igreja enorme, bonita, com grandes blocos, que fora construída em 1886, pelos escravos. Cartão Postal da indignidade de nossa cidade? Não, ao contrário! Reverenciada com honra - por brancos e negros ressentidos. Eu prefiro evitá-la!

domingo, 5 de junho de 2011

O corpo dói. Sente. As experiências etílicas andam devastadoras. No caso, a infinita busca, conscientemente já fracassada, pelo sentido das coisas. Impossível ignorar Fernando Pessoa: O único sentido íntimo das coisas, é elas não terem sentído íntimo nenhum. Os vícios. Um modo de esquecer a vida. Essa, a dignidade em que cada vício se faz nobre: o entorpecimento! Estar na vida, atuando nela, conscientemente. E a inconsciência? E a embriaguez? E o estômago? Não são tão ou mais dignos modos de estar na vida? Para além do blábláblá acadêmico e frio das universidades, dos discursos costurados em fios de convicção e certeza! Eu prefiro o confuso absurdo da vida mesmo, da vida sem o racionalismo cartesiano. Da vida como fenômeno, como acontecimento! Estou com frio! Maldita estação! Preciso do Whisky! 

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Insônia

Os minutos são lentos para os que se demoram a cerrar os olhos. E o whisky parece perder o antigo efeito, o sono calmo e divino. Insônia. Hoje li Roland Barthes. Fragmentos de um discuro amoroso. Belíssimo exemplar de uma escrita feita sem o pedantismo burocrático das filosofias! "O que em mim ressoa é o que conheço com o meu corpo: qualquer coisa de ténue e de agudo desperta bruscamente este corpo que, entretanto, adormecia no conhecimento pensado" (Roland Barthes). Em pouco, vou encarar a angústia dos programas televisivos. Eventualmente, Jô Soares me faz dormir! Jô e whisky com gelo! É quase uma pedida! Daquelas que se faz no reduto da intimidade com o dono do bar! "Ei! Tião! Me vê um Jô, whisky e gelo, ok?" Preciso voltar ao Bar 13! Saudades! Ando com contas pendentes! É preciso saber dever nos botecos! Sustenta as amizades! Mas, há horas em que pagar se faz necessário! Farei isso! Um dia!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Penso. Comendo. São biscoitos. Ouvindo Los Hermanos. Desengavetando discos antigos! Saudades! Do amigo Nilo! Da embriaguez insana! De estar lançado no corpo! De dançar! Da simplicidade! É tudo cansaço e whisky! Hoje, lecionando, reparei em algo. Friedrich Nietzsche e Epicuro! Por uma ética do corpo! Do prazer como transgressão! Como transvaloração! É preciso força pra sonhar e perceber que a estrada vai além do que se vê - Los Hermanos!