quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Sobre o vazio

Um pouco de palavras vazias. Ouvindo Moacyr. Um pouco de vazio. Um pouco de tristezas. Ouvindo o alarme do carro, na garagem do vizinho. Silenciou. Um pouco da solidão de um instante apenas. Sara chega em breve. Um pouco das mesmas palavras perdidas. Dos pensamentos sem-sentido. Do não-sentido dos pensamentos. O acúmulo de livros sobre a mesa parecem negar o vazio. Engano. O silêncio dos livros. O silêncio dos pensamentos. Irrompe o alarme novamente. Ensurdecedor, dessa vez. Eu procuro silêncios. Encontros.  

sábado, 9 de outubro de 2010

Sobre Marina Silva: esclarecendo algumas obscuridades medievais!

Neste post, reproduzo o item 7 do Programa de Governo do Partido Verde, facilmente encontrado no site do partido. Entendo que a compreensão de um aspecto relevante que consta em tal programa, especificamente no sub-item "G", do item 7, desmonta a aureola pretensamente beata do discurso de Marina Silva. Mas por que retomar Marina Silva? Por que acredito que a potência de seu discurso, sobretudo quando dirigido àqueles que não se preocupam em pensar sequer o mínimo de suas escolhas, redireciona as discussões e as decisões eleitoreiras de uma parcela considerável da sociedade (enfim, 20% dos votos válidos). Vamos aos fatos, vamos ao texto:

"7 - Reprodução Humana e Cidadania Feminina


1. Uma política de reprodução humana deve levar em conta a necessidade de estabelecer um sistema efetivo e democrático de acesso às práticas e técnicas de planejamento familiar livre e informado, que se baseie na contínua educação de homens e mulheres para a contracepção e o combate às DST's/AIDS.

Constituem elementos para essa política:

a) o combate à discriminação, ao machismo, e à violência doméstica mútua em suas mais variadas formas;

b) combate a todas as formas de violência sexual, ao proxenetismo e à utilização arbitrária do corpo humano no seu todo ou em partes, para a exploração comercial e/ou como objeto de qualquer pesquisa realizada fora dos paradigmas internacionais de ética médica;

c) a orientação sexual, à assistência à gestante e ao ensino de métodos de contracepção. A política da natalidade deverá ser feita por métodos essencialmente educativos e democráticos, coibindo-se a prática de esterilizações compulsórias e/ou ardilosas que não levem em conta a vontade de homens e mulheres;

d) a fiscalização rigorosa das práticas de manipulação genética e inseminação artificial para coibir qualquer extrapolação que possa levar à criação de vida humana em laboratório, reconhecendo-se como princípio fundamental o direito de toda criança a um útero;

e) a inserção da Bioética como matéria obrigatória dos currículos de segundo e de terceiro grau, nas áreas humanas e de saúde;

f) incentivo ao parto natural, ao aleitamento materno e ao controle de cesarianas desnecessárias;

g) legalização da interrupção voluntária da gravidez com um esforço permanente para redução cada vez maior da sua prática através de uma campanha educativa de mulheres e homens para evitar a gravidez indesejada".

Vejamos.

Em primeiro, gostaria de esclarecer que minhas posições a respeito das querelas medievais que circulam a temática do aborto, ainda, encontram-se em confecção. Não assumo determinadas questões - como, por exemplo, a questão referente ao acesso à vida - mas, por outro lado, estou convicto de algumas posições - como, por exemplo, a que versa sobre o direito ao corpo, do manuseio do corpo, etc.

No entanto, minhas posições discutiremos em breve.

O que quero apontar com esse post é, na verdade, a personalidade de Marina Silva. Façamos a seguinte pergunta: quem é Marina Silva? Essa é a questão. O discurso a respeito de sua contrariedade em relação ao aborto não consta em seu Programa! Faço referência a esse tema não por encontrar nele importância. Ademais, é notório: a temática do aborto nem sequer deveria constar em programas de governo! Todos sabemos que ao Executivo é atribuído pouquíssimo poder decisório sobre tais questões "polêmicas"! Não sejamos ignaros! Essa temática - tão frenética quanto medieval! - deveria estar nos programas do Legislativo! Mas, infelizmente, o brasileiro considera as funções legislativas como funções "menores"! E, não bastasse, plantam "Tiriricas" no solo brasiliense! Mas voltemos ao nosse tema central! Como vemos, o sub-item "G", do item 7, do Programa do Partido Verde, clara e explicitamente, advoga a favor da legalização da interrupção voluntária da gravidez! Mas - pasmem! - e o discurso "angélico" de Marina? Da defesa da vida? Do princípio da vida? Perceba que, no sub-item "G", não há sequer delimitação das condições nas quais tal prática será levada à cabo, como prescreve a lei! Entendamos o seguinte: os que votaram na "onda verde", votaram em discursos? Discursos descolados dos programas de governo? Onda de um "evangelismo" de Marina? Pensemos, apenas! Marina decidirá, dia 17, sua "opção" eleitoreira! Marina, orgulhosamente, define "condições" para negociar "apoio" no 2º Turno! Perceba: não faço apelo à ideologias antigas, superadas pelo capitalismo nefasto! Faço, na verdade, lembrança ao "evangelismo" de Marina! Faço, na verdade, o papel do "diabo" das concepções maniqueístas dos desenhos animados! Marina está "negociando" política! Lambeu os beiços na potência manipuladora de seu discurso "evangélico" e, agora, está deliciando os intentos de seu partido! Meus caros, o poder envaidece, corrompe! Deus guarde os evangélicos da politização infecciosa! Me pergunto, baseado nas minhas mais febris convicções plíticas, religiosas (ainda as tenho?), estéticas: quem é Marina Silva? Uma mulher evangélica? Uma política conveincional, que trama religiosidade e jogo político? Pensemos. Eu tenho medo da "onda verde"! E acho que ela, ainda, não passou! 

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

 Para desmentir o PSDB e seu aliado mais irracional, o PIG (Partido da Imprensa Golpista), estou postando três fotos que comprovam que Dilma, candidata à presidência pelo Partido dos Trabalhadores, é recebida, e bem recebida, nos EUA e na Europa. Nos últimos dias o PSDB/DEM e o PIG têm apregoado que Dilma, como consequência de sua "carreira terrorista", estava impedida de sair do Brasil. Está provado que mais essa mentira do PSDB/DEM, preferidos confessos do PIG, é perniciosa. O PSDB/DEM zomba da inteligência dos eleitores, desconsidera a potência da consciência política no Brasil! É esse tipo de política que se faz no PSDB/DEM? É esse tipo de "calhorda" que pretende dirigir nosso país? Que faz uso dos interesses do capital para manipular a inteligência do povo? Não seja estúpido! Re-pense! Reflita!



Ouça a reportagem de Luciana Miranda, veiculada na Rádio CBN, ligada à Globo, aliada, ainda que indiretamente, ao pensamento político do PSDB, detalhando sua "aventura" no Metrô da cidade de São Paulo. A repórter denuncia: o Metrô de Serra é um caos! Ouça! Re-pense!

Carta Aberta à Marina Silva

Resolvi postar esse texto escrito pelo Prof. Maurício Abdalla, entitulado "Carta aberta à Marina Silva", pelo seu posicionamento político e estético. Leiam. Reflitam. Re-pensem!

Por Maurício Abdalla


Maurício Abdalla é Professor de filosofia da Universidade Federal de Espírito Santo, autor de Iara e a Arca da Filosofia, dentre outros.

“Marina,
morena Marina, você se pintou” – diz a canção de Caymmi. Mas é provável, Marina, que pintaram você. Era a candidata ideal: mulher, militante, ecológica e socialmente comprometida com o “grito da Terra e o grito dos pobres”, como diz Leonardo.

Dizem que escolheu o partido errado. Pode ser. Mas, por outro lado, o que é certo neste confuso tempo de partidos gelatinosos, de alianças surreais e de pragmatismo hiperbólico? Quem pode atirar a primeira pedra no que diz respeito a escolhas partidárias?

Mas ainda assim, Marina, sua candidatura estava fadada a não decolar. Não pela causa que defende, não pela grandeza de sua figura. Mas pelo fato de que as verdadeiras causas que afetam a população do Brasil não interessam aos financiadores de campanha, às elites e aos seus meios de comunicação. A batalha não era para ser sua. Era de Dilma contra Serra. Do governo Lula contra o governo do PSDB/DEM. Assim decidiram as “famiglias” que controlam a informação no país. E elas não só decidiram quem iria duelar, mas também quiseram definir o vencedor. O Estadão dixit: Serra deve ser eleito.

Mas a estratégia de reconduzir ao poder a velha aliança PSDB/DEM estava fazendo água. O povo insistia em confirmar não a sua preferência por Dilma, mas seu apreço pelo Lula. O que, é claro, se revertia em intenção de voto em sua candidata. Mas “os filhos das trevas são mais espertos do que os filhos da luz”. Sacaram da manga um ás escondido. Usar a Marina como trampolim para levar o tucano para o segundo turno e ganhar tempo para a guerra suja.

Marina, você, cujo coração é vermelho e verde, foi pintada de azul. “Azul tucano”. Deram-lhe o espaço que sua causa nunca teve, que sua luta junto aos seringueiros e contra as elites rurais jamais alcançaria nos grandes meios de comunicação. A Globo nunca esteve ao seu lado. A Veja, a FSP, o Estadão jamais se preocuparam com a ecologia profunda. Eles sempre foram, e ainda são, seus e nossos inimigos viscerais.

Mas a estratégia deu certo. Serra foi para o segundo turno, e a mídia não cansa de propagar a “vitória da Marina”. Não aceite esse presente de grego. Hão de descartá-la assim que você falar qual é exatamente a sua luta e contra quem ela se dirige.

"Marina, você faça tudo, mas faça o favor”: não deixe que a pintem de azul tucano. Sua história não permite isso. E não deixe que seus eleitores se iludam acreditando que você está mais perto de Serra do que de Dilma. Que não pensem que sua luta pode torná-la neutra ou que pensem que para você “tanto faz”. Que os percalços e dificuldades que você teve no Governo Lula não a façam esquecer os 8 anos de FHC e os 500 anos de domínio absoluto da Casagrande no país cuja maioria vive na senzala. Não deixe que pintem “esse rosto que o povo gosta, que gosta e é só dele”.

Dilma, admitamos, não é a candidata de nossos sonhos. Mas Serra o é de nossos mais terríveis pesadelos. Ajude-nos a enfrentá-lo. Você não precisa dos paparicos da elite brasileira e de seus meios de comunicação. “Marina, você já é bonita com o que Deus lhe deu”.