segunda-feira, 15 de agosto de 2011


Nenhum adeus é feliz
e, quanto ao adeus,
disse Deus,
antes de fazer o mundo torto
e envolto em breu:
Usai-o com moderação!

(13 de Agosto de 2011)


quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A minha escrita é do tempo da música que me inspira enquanto escrevo. Não penso. Apenas escrevo, antes que o último acorde, o último verso, a última rima ecoem. Minhas palavras correm, saltam, pelos dedos, no teclado do notebook que comprei, justamente, para enfiar minha solidão. A minha escrita é o desespero do instante que antecede o gozo. E explode, num prazer intenso, pelos dedos. Sim, sempre os mesmo dedos! A minha escrita é um canto, uma louvação pagã, infiel, perdida. Minhas palavras dançam, pelos dedos, como mulheres frívolas, na promiscuidade do sentido, e vão, aos poucos, tecendo significados nos olhos vazios dos leitores que me seguem. Eu, gritando como um louco, prefiro o silêncio de minhas palavras, quando solitárias. Os leitores, enfadonhos leitores! Sempre buscam, nas minhas palavras, a si próprios. Ou, ainda pior, e mais cruel, buscam nelas, nas minhas rotas palavras, aquilo que sou. Eu, justamente eu, que nunca fui nada! Ah! Enfadonhos! Me querem, em cada letra que derramo. Cansados, desistem. Nunca estou nas minhas palavras!

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Ode ao nascimento

Ontem nasceu uma pequena, filha de dois queridos amigos. Encontros. Desencontros. Beberemos sua chegada, em breve. Estamos felizes. Por um instante, a vida intensificou nossas sensações, nossas percepções. Sempre o nascimento nos impõe o sentimento de espanto diante da vida. Uma pequena. Com os olhos, ainda, cerrados. Com as cores, ainda, indefinidas. Com o espírito, ainda, incompleto. Pensar a vida como instante, a isso nos impulsiona o nascimento. Há tempos tenho visto crianças nascendo. Estou ficando velho. E o tempo? Sempre fazendo o seu trabalho: nos substituindo.