terça-feira, 18 de outubro de 2011

O meu silêncio é uma doença. Afeta. E os afetos são doença. Lembro do whisky, do silêncio das madrugadas da pequena cidade, do céu escondido entre as nuvens negras, amanhã chove. Lembro Aldir Blanc. Vida Noturna. Penso no desespero, no desespero de ser o que se detesta. A língua, colada ao paladar, pede outro trago, um copo d'água, uma dose, algo que molhe os sentidos, os instintos, o restante da dignidade que resta aos que se tratam por inúteis. Penso a madrugada. Solta. Sozinha. Bastar-se a si mesmo. Andar, sem o auxílio do automóvel, sem o auxílio das autos. Só as pernas, um pouco trôpegas, sem o rumo natural, sem o prumo natural, aprendido nos primeiros anos da vida. Saudades das pernas, andando vadias as noites perdidas, isentas da ânsia das significações, da semiologia capitalista da utilidade. Prefiro, ainda que dolorosamente, o silêncio.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Prestíssimo: Um Conto - 1ª Parte [reescrita]

Acordou. Lembranças. Adormecera pensando no amor. Era Joana. Na cozinha, sentou-se. Silêncio. Era Joana. A presença inesperada de Joana nos primeiros instantes do dia lançou em seu espírito uma questão irrecusável. Era o amor. Pensava. O amor, assim, traduzido na pele de Joana. Nos poros. Nos olhos. Nos seios. Era Joana. Levantou-se. Oito horas. Exausto, porém leve, vestia camisa, calça, sapatos. Era o amor. As coisas, os móveis, os talheres, os chinelos, o versos antigos, deitados em velhos cadernos, os perfumes. Tudo perdera sentido. Era Joana.

domingo, 9 de outubro de 2011

Domingo cinza. Palavras? Poucas. E cinzas. Tenho pensado a vida e as tristezas. Inquietude.

domingo, 2 de outubro de 2011

O relógio, estranho inimigo, aponta suas horas intermináveis. O tempo passa devagar. E os pensamentos são muitos. E as palavras, poucas. Voltei à Parafernália dos pensamentos. Voltei à solidão insone dos que vivem os segundos das madrugadas, dos que mergulham pensamentos em mais pensamentos. Hoje fui interpelado sobre a seriedade dos sentimentos que sinto. Estranho modo de conhecer uma verdade sobre o que sinto: perguntando-me sobre seriedade. Eu, o rancoroso com a existência. Mas esqueçamos. Falemos sobre o vazio. Assunto corriqueiro nos textos desprovidos de sentido que escrevo. Falemos de política. Não, política, não. Falemos de Deus. Melhor. Noutra hora. Falemos da madrugada. Dos silêncios absurdos. Dos vazios que se fazem ouvir, nas madrugadas insones. Falemos do vizinho que, logo cedo, insiste num trabalho profundamente desnecessário. Mania de velhos aposentados: consertar coisas velhas, reutilizá-las. Por que, simplesmente, não dorme? Por que, simplesmente, não lê? Mania do velho moço jovem que sou. Ontem falei com o Maza. Abandono. Esse meu espírito amigo sentirá a ausência do companheiro das horas insanas. Rever Maza, uma missão para os próximos dias. Saudades do meu violão. Tenho abandonado minhas cordas. Estão soltas, sobre a cama, amargando um abandono triste. Preciso voltar aos acordes. Minha poesia. Saudades 

sábado, 1 de outubro de 2011

Voltando, aos poucos

Ouvindo Moacyr. Manhã lenta. Um vento lento, soprando as folhas e as roupas suspensas nos varais. Errar é meu gesto, é meu jeito. Observo o tempo com a paciência inexperiente de uma mãe solteira. Mas há gritos, por dentro, esperando o tempo chegar. A conversa solta dos botecos, dos trôpegos, dos que sustentam frases absurdas, por orgulho bêbado. Ando distante das palavras. Mas, sempre volto às palavras. Um pouco mais confuso, é certo. Rumos da minha filosofia. Enfim, preciso do Rio de Janeiro. Volto, em breve.