sábado, 9 de outubro de 2010

Sobre Marina Silva: esclarecendo algumas obscuridades medievais!

Neste post, reproduzo o item 7 do Programa de Governo do Partido Verde, facilmente encontrado no site do partido. Entendo que a compreensão de um aspecto relevante que consta em tal programa, especificamente no sub-item "G", do item 7, desmonta a aureola pretensamente beata do discurso de Marina Silva. Mas por que retomar Marina Silva? Por que acredito que a potência de seu discurso, sobretudo quando dirigido àqueles que não se preocupam em pensar sequer o mínimo de suas escolhas, redireciona as discussões e as decisões eleitoreiras de uma parcela considerável da sociedade (enfim, 20% dos votos válidos). Vamos aos fatos, vamos ao texto:

"7 - Reprodução Humana e Cidadania Feminina


1. Uma política de reprodução humana deve levar em conta a necessidade de estabelecer um sistema efetivo e democrático de acesso às práticas e técnicas de planejamento familiar livre e informado, que se baseie na contínua educação de homens e mulheres para a contracepção e o combate às DST's/AIDS.

Constituem elementos para essa política:

a) o combate à discriminação, ao machismo, e à violência doméstica mútua em suas mais variadas formas;

b) combate a todas as formas de violência sexual, ao proxenetismo e à utilização arbitrária do corpo humano no seu todo ou em partes, para a exploração comercial e/ou como objeto de qualquer pesquisa realizada fora dos paradigmas internacionais de ética médica;

c) a orientação sexual, à assistência à gestante e ao ensino de métodos de contracepção. A política da natalidade deverá ser feita por métodos essencialmente educativos e democráticos, coibindo-se a prática de esterilizações compulsórias e/ou ardilosas que não levem em conta a vontade de homens e mulheres;

d) a fiscalização rigorosa das práticas de manipulação genética e inseminação artificial para coibir qualquer extrapolação que possa levar à criação de vida humana em laboratório, reconhecendo-se como princípio fundamental o direito de toda criança a um útero;

e) a inserção da Bioética como matéria obrigatória dos currículos de segundo e de terceiro grau, nas áreas humanas e de saúde;

f) incentivo ao parto natural, ao aleitamento materno e ao controle de cesarianas desnecessárias;

g) legalização da interrupção voluntária da gravidez com um esforço permanente para redução cada vez maior da sua prática através de uma campanha educativa de mulheres e homens para evitar a gravidez indesejada".

Vejamos.

Em primeiro, gostaria de esclarecer que minhas posições a respeito das querelas medievais que circulam a temática do aborto, ainda, encontram-se em confecção. Não assumo determinadas questões - como, por exemplo, a questão referente ao acesso à vida - mas, por outro lado, estou convicto de algumas posições - como, por exemplo, a que versa sobre o direito ao corpo, do manuseio do corpo, etc.

No entanto, minhas posições discutiremos em breve.

O que quero apontar com esse post é, na verdade, a personalidade de Marina Silva. Façamos a seguinte pergunta: quem é Marina Silva? Essa é a questão. O discurso a respeito de sua contrariedade em relação ao aborto não consta em seu Programa! Faço referência a esse tema não por encontrar nele importância. Ademais, é notório: a temática do aborto nem sequer deveria constar em programas de governo! Todos sabemos que ao Executivo é atribuído pouquíssimo poder decisório sobre tais questões "polêmicas"! Não sejamos ignaros! Essa temática - tão frenética quanto medieval! - deveria estar nos programas do Legislativo! Mas, infelizmente, o brasileiro considera as funções legislativas como funções "menores"! E, não bastasse, plantam "Tiriricas" no solo brasiliense! Mas voltemos ao nosse tema central! Como vemos, o sub-item "G", do item 7, do Programa do Partido Verde, clara e explicitamente, advoga a favor da legalização da interrupção voluntária da gravidez! Mas - pasmem! - e o discurso "angélico" de Marina? Da defesa da vida? Do princípio da vida? Perceba que, no sub-item "G", não há sequer delimitação das condições nas quais tal prática será levada à cabo, como prescreve a lei! Entendamos o seguinte: os que votaram na "onda verde", votaram em discursos? Discursos descolados dos programas de governo? Onda de um "evangelismo" de Marina? Pensemos, apenas! Marina decidirá, dia 17, sua "opção" eleitoreira! Marina, orgulhosamente, define "condições" para negociar "apoio" no 2º Turno! Perceba: não faço apelo à ideologias antigas, superadas pelo capitalismo nefasto! Faço, na verdade, lembrança ao "evangelismo" de Marina! Faço, na verdade, o papel do "diabo" das concepções maniqueístas dos desenhos animados! Marina está "negociando" política! Lambeu os beiços na potência manipuladora de seu discurso "evangélico" e, agora, está deliciando os intentos de seu partido! Meus caros, o poder envaidece, corrompe! Deus guarde os evangélicos da politização infecciosa! Me pergunto, baseado nas minhas mais febris convicções plíticas, religiosas (ainda as tenho?), estéticas: quem é Marina Silva? Uma mulher evangélica? Uma política conveincional, que trama religiosidade e jogo político? Pensemos. Eu tenho medo da "onda verde"! E acho que ela, ainda, não passou! 

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