terça-feira, 5 de julho de 2011

Volto. Com palavras outras. Há pouco, meu estado barroco incomodou alguns leitores. Eu prefiro escrever pelas vielas dos textos, pelas idas, pelas vindas, pelas entrelinhas, com os sentidos ocultos nos silêncios. Aliás, há muito tenho permanecido devotado a meu silêncio. Apreciando outras vozes. Esquecendo a minha. Uma voz. Para quem quer se soltar, invento o cais. Milton. Invento mais que a solidão me dá! Ouço, nos últimos tempos, as injurias dos que me dizem um tresloucado, uma espécie de maldito, daqueles que confeccionam os seus destinos na radicalidade das escolhas. Talvez o seja. Afinal, nunca fui dado demasiadamente à racionalidade. Mas advogo - como se fosse, mesmo, ouvido! Eu prefiro a ruptura dolorosa a dor paulatina do conta-gotas. Prefiro o silêncio abrupto. Triste. Ando com os pés cansados. Culpa do sapato? Tenho, como disse outrora, frequentado os botequins mais sujos de minha cidade natal. Aprendendo com a crosta de sujeira dos balcões como se desenrolar na vida mesmo, sem as máscaras, sem a polidez, sem as estruturas dos que se fiam às explicações sobre tudo. Cada crosta de sujeira, me recorda o meu estado mais íntimo, desvela meu espírito como jamais o desvelou a Teologia que aprendi desde a tenra infância. Esta ou aquela gota de óleo derramada da pastel que o China me frita antes de surgirem os primeiros raios do sol, me dizem: "És assim!". Sou. Esqueço. Sou assim.

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