quarta-feira, 18 de maio de 2011

Sobre o último Domingo

E o mundo, dando de ombros para os que, trôpegos, rezam suas idiossíncrasias, caminha. Do outro lado da rua, as meninas, moças de família, olham espantadas as prostitutas que cantam suas alegrias na decrepitude de um bar de esquina. Bares. Eu prefiro caminhar entre os mais baixos, entre as más companhias. Prefiro a boca-suja dos que se dedicam a esquecer a existência com sinceridade e desespero. E o mundo, dando de ombro, esquece-nos! Ignora-nos! Eis, a nossa felicidade! A felicidade mais intensa: o esquecimento! E as meninas, agora sedentas, com os seios sobressalentes e arfantes, nos olham com inveja! Somos felizes! Nós, os que se devotam ao esquecimento! E essa nossa felicidade estapea a suas medíocres existências, reduzidas que são aos valores, ao polimento dos valores mais arcaicos! E o mundo, dando de ombros, ri! E nós rimos todos! Extasiados com a embriaguez do álcool! Extasiados com a embriaguez da liberdade! Da liberdade de existir, apesar dos outros!  

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