quarta-feira, 20 de abril de 2011

Sobre o outro

Penso nos outros. Na incomensurabilidade dos outros. Esses outros. E tantos outros. Caminhando com suas vidas pelas vielas da vida mesmo. Encontrando sentidos. Aceitando sentidos enlatados. Perdendo os sentidos. Penso no outro como uma espécie de espetáculo. O espetáculo big brother, o outro-exposto. Penso o outro como uma espécie de vazio. Ou ainda, o outro como abismo. Queria enxergar essa dimensão, tão profunda, do outro. Ainda mais triste. Penso no outro-espelho. Apenas o lado inverso do que sou. O outro de mim mesmo. Mas o avesso. O outro-eu. Logo eu, essa enormidade do tantos outros. Prefiro permanecer no silêncio, no outro como silêncio-de-si-mesmo. Na indiscernibilidade do outro como fenômeno. Das aparências, apenas os traços mais superficiais. Das formas, apenas aquelas que traçam linhas tênues, que se desmancham com a leveza dos ventos, com as brisas. Prefiro, mesmo, o silêncio do outro. A glória do silêncio do outro. Que nada dirá de si mesmo. Um eterno e imutável silêncio-de-si-mesmo. Prefiro, mesmo, o pensamento. Como estado único e individualizante de tantos outros possíveis. Eis, meu silêncio... 

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