sexta-feira, 23 de agosto de 2013


Em tudo, o tempo dentro de si? Sobretudo quando é madrugada, parece haver, em tudo, tempo. Ademais, parece estar tudo pleno de tempo. Em tudo, um tanto pouco a mais de tempo. E quanta existência, em tudo? E quantos erros, em tudo? E quanto tempo para refazer-se do tempo-perdido? "Eu que fiz dos meus sonhos meus navios". E quando a solidão, a solidão das madrugadas insones, impõem-nos o tempo dos pensamentos e das tristezas? "Para quem quer se soltar, invento a cais". E quando as palavras saem molhadas? Embebidas nos copos? Embebidas em doses? E quando as palavras deitam caminhos infelizes? E quando for tempo de calar? E quando for tempo de ouvir Miltons e Chicos? Sempre haverá, em tudo, tempo para ouvir Milton, para ouvir Elis, para ouvir Bach, Paco, Dolores. Tempo de escrever. Escrever textos desconexos. E quando for o tempo do non-sense. E quando o dionisíaco nos tomar o tempo todo? A insanidade! A intensidade! Exaltada como a uma deusa! "Invento o cais! E sei a vez de me lançar!" E quando romper, em tudo, o limite tênue dos corações? Em que tempo, o amor? O amor? Para mais tarde? Tempo das contas bancárias, das hipotecas, dos alugueis, dos carros novos, do desejo planejado, dos sonhos planejados? Eu, simplesmente, ao fechar os olhos, sonho! Sem a regulação matemática das ciências das finanças! Talvez por isso, essa miséria! A miséria dos devedores! Dos tortos, dos desviados, dos sem-futuro, dos desregrados, dos destemperados, dos inconstantes! A miséria dos sem-planos, dos desprevenidos! "Nem todos os unguentos vão aliviar!" 

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