segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Quem viu o pavio aceso do destino?

Ver minha música ecoar vazia nos ouvidos das pessoas. Ver minha música. Sua beleza existe? Que beleza? Ver minha música acoando e ressoando o não-sentido, o sem-sentido. Tudo isso, assim, de repente. Ver minha música. Ouvi-la, antigo sonho, cantada pelos grandes. Ah! Que fazer, se nasci com a mediocridade da maioria? Se sou reles? Se sou baixo? De uma baixeza que, pasmem, não havia, até agora, me apercebido. Sim! Sou de uma baixeza outra! Mais baixa e mais vil e mais reles do que consigo imaginar. Minha música, seus versos, suas estrofes, suas rimas, suas não-rimas, seus desesperos! Tudo a mais clara e evidente - como queria Descartes! - degenerescência. Sim! Vou me dar aos ternos, aos relógios. Sou reles demais para a existência do artista. Sou reles demais para as existências nobres. Vivo o mundo dos medíocres, sonhando as alturas dos compositores. Sonho vão. Volto sempre à minha condição operária! Viva a pobreza do meu espírito! 

2 comentários:

  1. Cantamos "samba" no buteco... com minha modéstia lúdibre, quase engasgada de caraíba. Obviamente eu estava ... embriagado. Mas alguem disse: - Esse eu não conheço. De quem é? Eu: - Um sambista amigo meu, o Zé. E ele: - Bonito.
    Você conhece esses "butecos". Abraço

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  2. E eu, bebendo um gole gelado de uma cerveja qualquer, imagino-me andando nesta estrada empoeirada. Fechando os olhos me recordo..."ê morena...as pindura que vivi, me ensinaram a chorar, e em cada légua de estrada merguiei meu coração, na solidão"...
    Nós, conhecemos muito bem esta "estrada". Abraço!

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